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A questão cultural

Tobias Farias 29 maio 2010 ,


    Hoje eu estava assistindo televisão na hora do almoço (raro momento) e passou uma propaganda de um festival que haverá aqui em breve por conta das festividades juninas.
Era interesante, ele apresentava uma forma de expressão cultural (já começamos falando na bendita) de um povo oriental (creio eu, japones) enquanto o locutor dizia: 

"Em todo lugar tem festa..." em seguida a cena mudava para um show de forró e o locutor completava: "... mas ainda bem que você nasceu no Brasil."*.

Particularmente achei a propaganda bem bolada, o marketing fez seu trabalho bem. Entretanto, me fez pensar em algo que, com toda certeza, não era o objetivo da propaganda fazer o público pensar. 

Será que foi correta esta abordagem? Partindo da idéia de que todos os povos tem sua forma de festejar e se expressar de forma geral, comparar a "nossa" (minha mesmo não!) forma de festejar com a de povos como os orientais é correto? 

      Para tentar responder essa pergunta temos que lembrar que estamos falando de cultura, e de cultura um monte de gente fala. Sociologos, Antropólogos, Filósofos, Historiadores, Ciêntistas da Informação, e deve ter mais umas cem áreas do conhecimento que também tratam de cultura.

Simplificando o que essa gente toda fala, cultura é (interpretação minha) a forma com que o ser humano se relaciona entre si e com o ambiente. Como assim ? O que ele produz para se adaptar a vida em um ambiente que é, ou não, propício para a manutenção de suas necessidades (cultura material) e também como ele interpreta e expressa as situações que se apresentam durante a vida.
Geralmente a cultura é estudada em um grupo social, quase sempre nações, tribos e gênero.

Entretanto, já a algum tempo o mundo vem passando por um famoso e discutido processo; Globalização. Não que isso não acontecesse antes. A história nos mostra que os povos adquiriram características diferenciadas por relacionarem-se. O que acontece hoje é uma intensificação e uma interferência maior da permuta de características (visão de mundo) entre as nações (principalmente as mais desenvolvidas tecnológico e economicamente).

Hoje não há "cultura pura" em povos que já tiveram contato com outros. Os utensilios que usamos não foram desenvolvidos por nós, o prato não é uma invenção americana, muito menos a moeda, o pijama, a música. Hoje a cultura predominante (popular) surge (em grande parte) dos meios de comunicação, que nos países em desenvolvimento  tratam de reproduizir a cultura (às vezes adaptada) dos países desenvolvidos (vide american way of life e programação da TV brasileira).

Ai, isso vai longe.

     Vamos logo ao que interessa. Na verdade o que penso é que não há uma cultura comum à duas ou mais pessoas. Você não samba como ela samba. Você não usa um óculos da mesma forma que seu vizinho. Você não vai ao estádio da mesma forma que o seu avô vai. Entretanto vocês fazem parte da mesma nação, da mesma região, do mesmo estado, mas mesmo assim, lhe colocam no mesmo saco e lhe rotulam.

Eu sou pernambucano e não gosto de festas juninas nem de longe (por que mesmo de longe a fumaça chega nas suas narinas), não sei frevar, não gosto de macaxeira (aipim), não sou bom vendedor ... gosto do Brasil, não pelas suas festividades e nem pelo seu futebol, então não "cola" a da propaganda em comparar as festividades brasileiras com as orientais.

Admiro as manifestações orientais (olha a globalização aí), mas o que assimilo delas é de acordo com a mentalidade que tenho (o que reforça minha teoria).

     Para finalizar. Cultura é informação, e a informação é apropriada pelo indivíduo de acordo com o processo cognitivo a que ele a submete em sua mente, para que assim possa utilizar-se desta informação e transformá-la em conhecimento (saber).
Não há cultura "certa ou errada", "boa ou ruim" (base do relativismo) entretanto há culturas que surgem como censoras, fruto de uma consciência coletiva, que vem para "regular" certas práticas culturais (independente de patamar de desenvolvimento), vide Cultura hippie nos EUA durante a guerra no Vietnã (não fez maravilhas na cultura americana, mas ganhou força e fez uma pressão braba).

Não, a festa japa não é ruim ou boa, é apenas, A festa japa. A festa junina também não é ruim ou boa (apesar de quê polúi um bocado, tenho esperança de que um dia vai haver uma revolta hippie aqui também). Quem diz isso sou eu, é você, é sua irmã, seu vizinho, cada um carrega sua cultura individual, inserindo-a numa cultura coletiva.

 Abraço do Limão.


* : Eu não tenho certeza quanto ao texto, mas tenho quanto à intenção


2 Comentários:

Gigante Colorado disse...

Eu concordo plenamente, cultura é informação. Acredito que quanto mais cultura melhor, só tem a agregar pra vida de todo mundo! Conhecer culturas diferentes, costumes diferentes é sempre bom, faz bem! Aprender faz bem sempre! ;)

Adorei o blog! To seguindo, viu???
Afim de parceria???
PAssa lá no Gigante Colorado! ;)

Beijoooo (Gabriela)

Diogo Didier disse...

Muito bom esse texto! Realmente é complicado definir cultura devido à polissimia que essa palavra expressa. Nesse sentido, concordo com muito do que foi dito por vc (mesmo gostando de festa junina kkkkkkkkkk).
Temos que dar o seu valor a cada manifestação cultural, seja no Brasil interiorano, seja no Japão. O que não pode ser feito é suplantar uma cultura por ser melhor ou pior...

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